ARTIGO

terça-feira, 12 de setembro de 2017

 

Informalidade, pirataria e sociedade

 

Luiz Carlos Bonh

Presidente da Fecomércio – RS

 

                               Há alguns dias, um amigo me contou que havia presenciado uma ação de agentes públicos confiscando mercadorias de ambulantes. Entretanto, o cerne da nossa conversa não foi a ação do Estado, mas da reação das pessoas que se aglomeraram à volta. Enfurecidas, gritavam que o Estado punia “gente que trabalhava honestamente”. Honestamente? Vivemos em um país, que por mais errado que possa parecer ( e é), tem 50% da sua carga tributária arrecadada a partir da tributação de bens e serviços.

Assim, vender produtos honestamente é caro! Podemos ser críticos a isso, mas pela estrutura tributária atual, é desse dinheiro que o Estado faz políticas públicas ligadas a saúde, à educação, à segurança...Quando se sonega tributos, o consumidor “se vê ganhando”, a sociedade, por sua vez, sempre estará perdendo.

                        Recentemente o Brasil aprovou a reforma trabalhista que vai flexibilizar relações de trabalho e propiciar o crescimento, no médio e longo prazo, do emprego formal. Porém, muito se puseram contra dizendo que isso precarizava direitos. E você, já se perguntou para quem trabalham muitos dos ambulantes? Será que têm direitos? Não, eles não têm. A maioria é explorada, sujeita a condições que a população costuma refutar em alto e bom tom. Gerar empregos formais, honestos para quem empresta sua força de trabalho, é caro porque direitos têm um preço. Quando se compra desse tipo de comércio, reforça-se a ideia que explorar alguém compensa. Ignorar isso é uma forma confortável de conviver com uma realidade extremamente perversa.

                        Por fim, existe a pirataria. Os produtos vendidos falseiam marcas, são produzidos em lugares desconhecidos, em condições muitas vezes deploráveis. Na maioria dos casos surgem de um crime como o contrabando e alimentam outros crimes do qual as vítimas podem ser justamente aqueles que ajudaram a financiá-lo. Se algo não existe ali é honestidade.

                        O Brasil vive uma crise econômica, política e moral. Tolerarmos coisas erradas baseadas nas mais diversificadas, e muitas vezes bem intencionadas, justificativas pode ser um caminho extremamente perigoso. Se quisermos ser uma sociedade melhor, mais justa, precisamos começar sabendo diferenciar o certo do errado, honestamente.

 

 

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