Mundo virtual atrai golpistas

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Quase metade (46%) dos internautas do país foram vítimas de algum tipo de golpe financeiro nos últimos 12 meses, o que equivale a um universo aproximado de 12 milhões de pessoas. Desse total, mais de 50% compraram produtos pela internet e não receberam, 46% receberam produtos ou serviços diferentes do contratado e 25% tiveram o cartão de crédito clonado. A soma ultrapassa 100%, pois há os desafortunados que foram vítimas de mais de uma fraude.
Os dados são de um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CBDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), segundo o qual os prejuízos gerados pelas fraudes e golpes contra consumidores chegaram a R$ 1,8 bilhão.

Pelo menos 51% dos entrevistados afirmam ter sofrido perda financeira, com um dano médio de R$ 478. A aposentada Fátima de Moraes, de 60 anos, teve o cartão de crédito clonado, mas conseguiu reverter o prejuízo. "Eles chegaram a fazer uma compra de R$ 1.800,00. A sorte é que cadastrei meu celular para receber SMS sempre que o cartão for usado. Liguei para o banco, que estornou o valor."

Segundo o levantamento do CDNL/SPC, no entanto, pouco mais de um terço dos consumidores não conseguem recuperar nem um tostão do que perderam com fraudes. Um desses casos em que o prejuízo ficava todo na conta do consumidor era no chamado "golpe do motoboy", em que a vítima é induzida a acreditar que fala com a instituição financeira e acaba fornecendo dados bancários, entregando cartão e senha a criminosos. Os bancos vinham se negando a indenizar os clientes neste caso, mas uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, na última semana, pode mudar esse cenário.
A Justiça considerou que houve falha na prestação de serviço do banco que não impediu a movimentação financeira atípica, de R$ 35 mil em um só dia, no caso do processo em questão. "As fraudes on-line atingem todas as idades e sexos. Ninguém está livre", afirma Emilio Simoni, diretor do dfndr lab - laboratório especializado em segurança digital da consultoria PSafe.

A consultoria estima que um em cada cinco brasileiros já foi vítima de roubo de identidade na internet. Entre os casos relatados, 40% fizeram cadastro em sites falsos de promoção, 39% se inscreveram em vagas de emprego que nunca existiram, 22% realizaram compra em site fake, e 21% receberam ligação de pessoas que se passavam por funcionário de instituição financeira.

"Além disso, têm crescido as fraudes com compartilhamento de informações falsas via WhatsApp, e também por "sites clones" que simulam as características de páginas seguras como bancos e lojas", alerta Marcelo Aguiar, cofundador da Wevo, empresa de desenvolvimento de tecnologia para e-commerce.

Bruno Prado, diretor da UPX, empresa de tecnologia focada em segurança, também recomenda que se redobre atenção a mensagens de SMS de cobrança e boletos falsos enviados ao endereço físico do consumidor. Quem está com produtos à venda em sites especializados também tem sido alvo frequente de criminosos. "O criminoso entra no site de compra de carros, por exemplo, pega o telefone do proprietário e liga se apresentando como funcionário da plataforma pedindo a confirmação de dados cadastrais. No fim da ligação, o golpista explica que vai enviar um código por SMS e pede confirmação. Ao informar o código, a vítima permite a clonagem do seu Whatsapp. E o que vem depois é uma série de investidas aos contatos pedindo dinheiro e tentativas de fraude usando seus dados", diz Prado.

Erros de português e mensagens sem contexto devem acender o sinal de alerta para a possibilidade de fraude, dizem os especialistas. José Cesar da Costa, presidente da CNDL, diz que é importante também que o consumidor tome precauções para evitar transtornos e desconfie de facilidades ou de ofertas muito atraentes.
Entidades de defesa do consumidor orientam que em caso de fraudes as vítimas devem contatar o banco, a administradora do cartão de crédito ou a loja para reaver valores. Outra providência a ser tomada é o registro de Boletim de Ocorrência na Polícia Civil.

Como se proteger de armadilhas

Reputação - Pesquise a idoneidade da loja on-line. Confira se o site disponibiliza informações como CNPJ, endereço físico, telefone, canais de contato direto com o consumidor (chat, e-mail e SAC). Se algum dado não estiver disponível, desconfie. No site do Procon-SP há uma lista de endereços eletrônicos fraudulentos que devem ser evitados.

Promoções - Cuidado com ofertas muito abaixo da média.

Endereço certo - Antes de informar qualquer dado, verifique se está navegando em um site seguro. Para saber, confira a barra de endereço do navegador web: às vezes, o nome do site falso é muito similar ao real, mas com atenção se percebe uma mudança de letra. Confira ainda se há a imagem de um cadeado.

Fatura - Acompanhe a fatura do cartão e, ao verificar qualquer problema, comunique imediatamente à administradora ou banco.

Links - Não clique em links enviados por e-mail ou redes sociais.

Dados - Não informe dados pessoais ou senhas por telefone.

Celular - Não forneça códigos enviados por SMS. Você pode estar abrindo a possibilidade de clonagem do seu celular.

 

Fonte: Jornal do Comércio

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